
“Se somos mais da metade do País, onde estamos, que não estamos tão presentes assim no setor mineral? Por que essa representatividade não está refletida no setor?”
A presidente do Conselho Diretor do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) e CEO da Anglo American Brasil, Ana Sanches, defendeu que as mineradoras devam repensar seus organogramas funcionais e a presença feminina, conforme sua representatividade na população do Brasil no Diversibram 2025. “Se somos mais da metade do País, onde estamos, que não estamos tão presentes assim no setor mineral? Por que essa representatividade não está refletida no setor?”, questionou. Segundo o censo IBGE 2022, as mulheres representam 51,5% dos cidadãos, mas a mineração conta com 23% de representatividade feminina, segundo dados do movimento Women in Mining Brasil (WIMBrasil).
Ana Sanchez citou ainda estatísticas da Fundação IBGE sobre a população que se declara preta e parda: 55,5% da população e disse que esta parcela também precisa estar refletida no setor. “Olhem à sua volta. Onde está essa representatividade? Vejam na sala em que estamos, ou na última reunião de que vocês participaram. E na liderança das empresas de vocês”, provocou. Para Ana, a pauta DEI vai além do politicamente correto. “É business case para termos empresas com ambientes mais saudáveis. Para que cada um se sinta acolhido para dar seu melhor. Onde possam se desafiar, não ter medo de colocar o que pensam e nem de trazer pontos de vista diferentes”.
A presidente do Conselho Diretor do IBRAM participou da solenidade de abertura da ‘Diversibram – a mineração sem rótulos’, evento híbrido idealizado pelo grupo de trabalho DEI da Agenda ESG da Mineração do Brasil e organizado pelo IBRAM, para debater temas relacionados à diversidade, equidade e inclusão (DEI) no setor mineral. A solenidade foi acompanhada por mais de 800 pessoas.
Ana Sanchez diz que a pauta DEI é um caminho sem volta uma vez que é uma mudança cultural. “O setor de mineração é pouco diverso e ainda temos muito a evoluir”, disse citando os números do WIMBrasil de representatividade feminina na mineração. A representante do IBRAM comentou ainda que o setor precisa dar mais atenção aos outros grupos minorizados, já que DEI vai além gênero e raça, como LGBT+, pessoas com deficiência, diversidade geracional. Já o diretor interino de Relações Institucionais do IBRAM Fernando Azevedo afirmou que “DEI é o alicerce de uma mineração moderna, justa e sustentável”. O setor mineral brasileiro, liderado pelo IBRAM, abraça a diversidade, afinal é um compromisso estratégico. Azevedo afirmou que um dos compromissos do IBRAM em sua Agenda ESG da Mineração do Brasil é a diversidade. “Na mineração, isso se traduz em salários equitativos, ambientes livres de assédio e carreiras que não dependem do gênero ou da cor da pele, mas do talento e da competência”. O dirigente também declarou que o IBRAM apoia a pauta de DEI no setor, “mas o protagonismo é de cada um de vocês (profissionais do setor), que, juntos, devem provar que a mineração cultiva valores humanos”.
Vera Lúcia Silva, gerente-geral de Desenvolvimento Humano e Organizacional na Samarco e líder, pelas empresas, do grupo de trabalho de DEI enfatizou que a trajetória da mineração na pauta não é uma corrida de 100 metros ou uma maratona. “É uma jornada de evolução contínua. Essa evolução traduz a experiência e nos orienta a seguir em frente sem perder a confiança em um cenário altamente volátil e desafiador”. Para ela, DEI não se trata de ativismo, “mas do futuro do nosso setor. Eleita deputada federal pelo Amapá, a indígena Silvia Waiãpi, uma defensora da pauta da equidade, relatou sua história de vida como forma de transmitir mensagem às mulheres de que elas podem alcançar o que desejarem na vida. Na Diversibram será lançada a 2ª. edição do Guia de Boas Práticas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) no Setor Mineral, uma publicação estratégica com iniciativas reais aplicadas por empresas do segmento. O e-Book, disponível gratuitamente no site do IBRAM, destaca avanços e desafios para tornar a mineração brasileira mais plural e equitativa.
Fonte: brasilmineral.com.br